7.5.07

Foco novamente

Sempre volto nesse blog a falar da importância do Foco nas organizações. Sem dúvida esse é um problema que atinge sempre as grandes organizações. Quando a empresa cresce, se capitaliza, a tentação de entrar em outros mercados é grande. O ego está elevado porque a empresa está indo bem. Quando essa diversificação acontece os riscos crescem. Normalmente, buscando crescer nesses novos mercados/negócios, as empresas desguarnecem o seu negócio principal. Concorrentes não perdoam e atacam.

Cuidado ao diversificarem a atuação da sua empresa! Pode ser o começo do fim!

Abaixo, segue artigo da Madia Mundo Marketing que ilustra essa minha idéia.

SOL, SÓ O SOL; JAMAIS A SANYO
MML – TOSHIO KAVASAKI, Tóquio, especial para o MADIAMUNDOMARKETING. – 03/05/2007

No livro do MADIA, OS 50 MANDAMENTOS DO MARKETING, considerado pela CÂMARA BRASILEIRA DO LIVRO o MELHOR LIVRO NÃO-FICÇÃO 2005 – PRÊMIO JABUTI – o mandamento de número 48 diz “CADA MACACO EM SEU GALHO”.

E ao detalhar o mandamento, MADIA refere-se ao livro FOCO – UMA QUESTÃO DE VIDA OU MORTE PARA SUAS EMPRESAS – onde logo na introdução AL RIES vai direto ao ponto: “O SOL é uma poderosa fonte de energia. A toda hora ele banha a Terra com bilhões de quilowatts de energia. Ainda assim, com um chapéu e um filtro solar você pode tomar banho de sol durante algumas horas sem correr o risco de efeitos nocivos em seu organismo. Já o LASER é uma fonte fraca de energia. Ele concentra alguns watts de energia e enfoca-os em sua corrente coerente de luz. Mas com o laser você pode perfurar um diamante ou extirpar um câncer”.

E, conclui, “Quando você elege um foco, uma especialização para uma empresa, você cria o mesmo efeito. Cria uma capacidade poderosa, como a do laser, de dominar um mercado. Quando, no entanto, sua empresa cai em tentação, perde o foco, contraria sua especialização, converte-se num sol que acaba dissipando toda a sua energia em muitos produtos e mercados”.

Na trajetória de todas as empresas, infinitos são os momentos de tentação. Desde tentações mais sofisticadas e elaboradas, até tentações grosseiras do tipo, “já que nossos jornais levam papel vamos investir em reflorestamento”, ou “já que nossos talheres levam plástico no cabo vamos investir também em mesas e cadeiras...”. E, por isso, todo o cuidado é pouco. Quando um macaco começa a saltar muito, certamente acabará despencando de um galho; e o tombo pode ser fatal.

É o que acontece neste momento com uma das mais tradicionais empresas japonesas, a SANYO, que acabou descuidando de seu negócio principal – fabricante de eletrônicos – e hoje também atua no território dos chips, baterias, construção de casas, internet, serviços financeiros, recursos humanos, e gestão de asilos e campos de golfe, dentre outros. Como não poderia deixar de ser, muito rapidamente perdeu competitividade em seu território original de atuação passando para um segundo grupo, e em todos os demais em que ingressou converteu-se num player medíocre.

Nos últimos 4 anos, ganhou um pouco de dinheiro apenas em 2004, mas perdeu muito dinheiro em 2003, 2005, e muito especialmente em 2006, tendo que ser socorrida por um consórcio de investidores liderados pela GOLDMAN SACHS.

A atual crise da SANYO não difere muito da que vem vivendo a SONY ainda que em menores proporções, e que caracteriza as empresas japonesas de uma forma em geral. Na medida em que vai sendo bem-sucedida no território de sua especialização, começa a se aventurar em outros territórios, onde prevalecem os fracassos difíceis de serem reconhecidos, assumidos e descartados, debilitando a empresa, minando as energias, enxugando o caixa. Em poucos anos, a situação é trágica e em muitos casos, a salvação impossível.

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