11.3.08

Maestria 07

Terceira Chave: Entrega

A coragem de um mestre mede-se pela sua disposição para entregar-se. Isso significa entregar-se ao professor e às exigências da disciplina. Significa igualmente entregar a própria proficiência, conquistada a duras penas, de tempos em tempos, no intuito de chegar a um nível mais alto ou diferente de competência.

As primeiras etapas de todo novo aprendizado importante invocam o espírito do bobo. É quase inevitável que você se sinta desajeitado, que conheça fracassos literais ou figurados. Não existe outra alternativa. O principiante que quiser manter sua dignidade tornar-se-á rígido, blindado, e a aprendizagem não passará através dele. Isso não quer dizer que você deva entregar o seu próprio centro físico e moral, ou aceitar, passivo, ensinamentos que lhe seriam nocivos. Mas você já investigou o seu instrutor (veja a Primeira Chave). Agora é hora de deixar um pouco de lado a descrença. Admitamos que o professor lhe peça para começar colocando o dedo no nariz e firmando-se num pé só. A não ser que exista uma razão mais forte em contrário, ceda, entregue-se. Experimente fazer o que lhe pedem.


Quarta Chave: Intencionalidade

Ela junta palavras antigas e novas – caráter, força de vontade, atitude, imaginação, jogo mental – mas o que estou chamando de intencionalidade, seja qual for o modo com que se olha para ela, é um elemento essencial para você levar na jornada do mestre.

O poder do jogo mental chegou ao conhecimento do público na década de 1970, através de algumas revelações de algumas figuras mais notáveis dos esportes no país. O golfista Jack Nicklaus, por exemplo, afirmou que nunca bateu numa bola sem antes visualizar-lhe claramente o vôo perfeito e o destino triunfal, “sentada lá em cima, alta branca e linda, sobre o campo de golfe”. Uma tacada bem-sucedida, contou-nos Niclaus, representava cinqüenta por cento de visualização, quarenta por cento de postura e apenas dez por cento de balanço. O principal dos ladrões de bola profissionais descreveu-se imaginando cada uma das suas partidas, muitas e muitas vezes, na véspera de um jogo; entendia que o seu sucesso no campo, no dia seguinte, estava estreitamente ligado à vividez da sua prática mental. Os modeladores de corpos e levantadores de peso testemunharam o valor da intencionalidade. Arnold Schwarzenneger argumentou que levantar um peso uma vez com plena consciência equivalia a levantá-lo dez vezes sem percepção mental. A ele se juntaram Frank Zane e outros, confirmando o efeito da mente sobre características orgânicas, como o músculo e o ferro.

O que havia acontecido é que o treinamento e a técnica nas atividades esportivas alcançaram um nível extremamente elevado de desenvolvimento – tão alto que novos aperfeiçoamentos ao longo dessa linha só poderiam surgir em minúsculos desenvolvimentos. Jack Nicklaus atribui apenas dez por centos do sucesso de uma tacada ao balanço, porque o seu balanço talvez já fosse perfeito. O reino da mente e do espírito era a terra não descoberta, o lugar em que os pioneiros do desempenho esportivo poderiam obter os maiores êxitos.

Quinta Chave: O Limiar

Agora chegamos, como precisamos chegar em tudo o que tem importância verdadeira, a uma aparente contradição, um paradoxo. Quase sem exceção, os que conhecemos como mestres dedicam-se aos princípios fundamentais da sua vocação. Entusiastas da prática, são conhecedores das pequenas etapas, das etapas de desenvolvimento. Ao mesmo tempo – e aqui está o paradoxo – essas pessoas, esses mestres, são precisamente os que, com toda a probabilidade, desafiarão os limites anteriores, assumirão riscos por amor de um desempenho mais elevado e às vezes até se tornarão obsessivos nessa procura. Claramente, para eles a chave não é do tipo ou/ou, mas do tipo que farão ambas as coisas.


Continua...

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