Convido todos a conhecerem o trabalho do psicólogo Daniel Kahneman, agraciado com o prêmio Nobel de Economia de 2002. O professor Kahneman mostrou em seus estudos como o ser humano age irracionalmente nas decisões de consumo e investimento. Esse tema é bem apropriado nesse período de crise, não acham?
Abaixo eu publico um pequeno texto sobre o trabalho do professor que foi publicado no jornal Folha de São Paulo.
Psicologia trata as "anomalias" do mercado
Folha de São Paulo, 31 de maio de 2009
Na economia, vendedores e compradores ajustam preços de acordo com a lei da oferta e da procura. Se muitos querem um produto raro, seu preço explode; se a demanda desaparece, pode ser vendido por quase nada. Em busca da eficiência, os mercados tendem a alocar recursos onde estão as melhores oportunidades de retorno.
No mundo real, no entanto, nem sempre as coisas acontecem assim. Investidor compra ação na alta e vende na baixa, bancos colocam bilhões em hipotecas sem condições de serem pagas, empresas valem menos do que têm em caixa e, diante do pânico, uma manada de investidores sai vendendo ações de empresas lucrativas por qualquer preço.
O psicólogo Daniel Kahneman formulou os princípios que explicam como emoções simples, ligadas ao instinto de sobrevivência, explicam essas anomalias do mercado e impedem os investidores de calcularem corretamente os riscos que assumem.
A psicologia de Kahneman mostrou que o investidor padece de excesso de confiança e que a maioria das pessoas se julga acima da média na hora de obter lucros no mercado.
Um dos arquétipos mais comentados de comportamento irracional do investidor é a aversão a perdas. Por ele, o investidor sente mais a dor de um prejuízo do que o prazer por um lucro de mesmo valor.
O excesso de otimismo -e depois de pessimismo- impele as pessoas a comprarem uma ação com base na rentabilidade passada, acreditando que a história repetirá.
Ao menor sinal de que uma aposta vai se desmoronar, acontece o efeito manada. O investidor mais inseguro segue quem julga ter mais informação, numa cadeia que força as explosões de bolhas.
A psicologia econômica mostrou ainda que os mercados acabam sobrevalorizando o impacto de novas tecnologias, como foi a internet em 2000.
A vergonha de errar faz com que o investidor aposte junto com a média do mercado.
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