4.3.08

Maestria 04

O Picareta


O picareta tem uma atitude diferente. Depois de conseguir, mais ou menos, o jeito de fazer alguma coisa, dispõe-se a permanecer indefinidamente estagnado. Não se incomoda em saltar etapas essenciais ao desenvolvimento da maestria, se puder sair e atuar por aí com colegas de picaretagem. É o médico ou o professor que não freqüenta reuniões profissionais, o tenista que desenvolve um sólido forehand e acredita poder virar-se com um backhand defeituoso. No trabalho, faz apenas o bastante para passar despercebido, sai na hora certa, ou mais cedo, aproveita todas as oportunidades, fala em vez de trabalhar e admira-se de nunca ser promovido.

O Picareta não olha para o casamento ou para a convivência como uma oportunidade de aprender e desenvolver-se, mas como um refúgio confortável contra as incertezas do mundo exterior. Mostra-se disposto a aceitar a monogamia estática, um arranjo em que os dois parceiros têm papéis claramente definidos e constantes, onde o casamento, antes de tudo, é uma instituição econômica e doméstica. Esse arranjo tradicional às vezes funciona muito bem mas, no mundo de hoje, é raro dois parceiros estarem dispostos a viver indefinidamente numa estagnação inalterável. Quando o parceiro do tênis começa a aprimorar o seu jogo você estaciona o seu, o jogo provavelmente acaba. A mesma coisa aplica-se aos relacionamentos.

Claro está que as categorias não são tão nítidas assim. Você pode ser um Diletante no amor e um Mestre na arte. Pode estar no caminho da maestria no trabalho e ser um Picareta no curso de golfe – ou vice-versa. Até no mesmo terreno, você pode estar, no caminho da maestria, e às vezes pode ser um Obsessivo, e assim por diante. Mas os padrões básicos tendem a prevalecer, ambos refletindo e modelando o seu desempenho, o seu caráter e o seu destino.

Em algumas de minhas conferências e seminários, descrevo o Mestre, o Diletante, o Obsessivo e o Picareta. Em seguida, peço às pessoas presentes que mostrem, levantando as mãos (deixando o Mestre de fora), qual dos outros três as descreveria melhor. Em quase todos os casos, a resposta se divide em partes quase iguais, e a discussão que se segue mostra a facilidade com que a maioria das pessoas se identifica com os três tipos que são o assunto deste capítulo. Esses personagens, portanto, têm-se revelado úteis, pois nos ajudam a ver por que não estamos no caminho da maestria. Mas o mais importante é ingressar nesse caminho e começar a andar. Como veremos no próximo capítulo, o primeiro desafio que encontraremos nos é lançado pela sociedade.

Continua...

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