20.2.08

Maestria 02

Conheça o Diletante, o Obsessivo e o Picareta

Todos aspiramos à maestria, mas o caminho, sempre longo e difícil, não promete recompensas rápidas e fáceis. Por isso procuramos outras trilhas, e cada uma delas atrai certo tipo de pessoa.

Poderá você reconhecer-se em algum dos três tipos seguintes?

O Diletante


O Diletante aproxima-se de cada esporte, carreira, oportunidade ou relacionamento com enorme entusiasmo. Ama os rituais envolvidos no fato de começar, no equipamento vistoso, no jargão, no brilho da novidade.

Quando tem o primeiro surto de progresso num novo esporte, por exemplo, ele se sente alegríssimo. Mostra sua forma à família, aos amigos e às pessoas que encontra na rua. Mal pode esperar pela aula seguinte. Ao cair do primeiro pico sente-se como se tivesse recebido um choque. A estagnação que se segue à queda é inaceitável, se não for incompreensível. O entusiasmo dissipa-se rapidamente. Ele começa a perder as aulas. Sua mente se enche de racionalizações. Esse, na verdade, não é o esporte certo para ele. É demasiado competitivo, nãocompetitivo, agressivo, não-agressivo, tedioso, perigoso, seja lá o que for. Diz a todo mundo que esse esporte não satisfaz às suas necessidades particulares. Iniciar-se em outro esporte dá ao Diletante a oportunidade tornar a representar o roteiro do início. Pode ser que chegue à segunda fase de estagnação desta vez, pode ser que não. Depois, começa alguma outra coisa.

O mesmo se aplica à carreira. O Diletante gosta de novos empregos, de novos escritórios, de novos colegas. Descobre oportunidades a cada passo. Fica com água na boca ao pensar nos salários que projeta. Delicia-se com os sinais do progresso, os quais relata à família e aos amigos. Oh, aqui está aquela estagnação outra vez. Afinal de contas, talvez esse emprego não seja o emprego certo para ele. Já é hora de começar a procurar alguma coisa. O Diletante tem um longo currículo.

Nos relacionamentos amorosos (talvez um lugar inesperado para procurar sinais de maestria, mas um bom lugar), o Diletante especializa-se em luas-de-mel. Diverte-se com a sedução e a entrega, a narração de histórias, a exibição de truques e armadilhas do amor: o ego na parada. Quando o ardor inicial principia a esfriar, começa a olhar em volta. Permanecer no caminho da mestria significaria mudar a si mesmo. É muito mais fácil pular para outra cama e recomeçar o processo. O Diletante se julga um aventureiro, um connoisseur de novidades, mas está, provavelmente, mais próximo do que Carl Jung denomina o puer aeternus, ou seja, a eterna criança. Embora mudem os parceiros, ele continua o mesmo.

Continua...

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