Esse ano faz 60 anos do falecimento Mahatma Gandhi.
Contrariando quase todos os estereótipos de lideranças propagados pelo management atual, Gandhi foi, não só um grande líder indiano, como também uma das maiores lideranças do século vinte.
Abaixo, segue uma breve biografia desse ser humano especial. Quem quiser conhecê-lo melhor, sugiro o ótimo livro Gandhi - Autobiografia: Minha Vida e Minhas Experiências com a Verdade.
Mahatma Gandhi: a grande alma
Revista HSM Management número 57 – Ano 10
Líder político e espiritual da revolução que levou a Índia à independência do domínio britânico, Mohandas Karamchand Gandhi foi uma das personalidades mais fascinantes do século 20. Empregou a doutrina do satyagraha (resistência civil pacífica a uma autoridade injusta), inspirada nas idéias do pensador norte-americano David Henry Thoreau e do escritor russo Leon Tolstói.
Nasceu em 1869, no seio de uma família de riqueza moderada e sob os preceitos do hinduísmo, religião que lhe transmitiu os valores da não-violência (ahimsa). De caráter tímido e certa indiferença política, Gandhi não se destacou como estudante nem como advogado formado em Londres. Também não mostrou, durante a juventude, características de liderança. Contudo, sua experiência na África do Sul, onde viveu entre 1893 e 1914, foi decisiva. Lá foi vítima da intolerância racial contra a minoria indiana, o que marcou o nascimento de seu compromisso com a causa dos direitos civis e, mais tarde, com a libertação da Índia. Voltou a seu país já reconhecido como líder e, daí em diante, viveu austeramente, desprovido de propriedades e asceta.
Os indianos o chamaram de Mahatma (em sânscrito, “grande alma”), ainda que ele preferisse o carinhoso Bapu, ou pai. Ensinou aos habitantes da Índia e ao mundo que a não-violência era o único caminho para alcançar a verdade e para, além disso, libertar-se das opressões, tanto as externas como as que existem dentro de cada ser humano.
Detido muitas vezes pelas autoridades britânicas, acreditava ser honroso ir preso por uma causa justa. Sua esposa, Kasturbai (com quem se casou aos 13 anos), foi fiel companheira e chegou até a substituí-lo quando esteve preso. Entre as numerosas campanhas de desobediência pacífica, a que obteve maior sucesso foi a Marcha do Sal (1930), em que milhares de manifestantes desafiaram as leis britânicas que empobreciam o povo da Índia pela cobrança de impostos sobre o sal.
Gandhi mostrou forte determinação de chegar às últimas conseqüências, inclusive colocando em risco a própria vida nas repetidas greves de fome que realizou. Ninguém como ele conseguiu comunicar-se tão bem com seus seguidores, motivá-los e uni-los em torno de uma visão, mesmo que tivessem de sofrer os castigos mais duros. Inculcou-lhes a necessidade de suportar a violência como meio de mostrar ao agressor sua fraqueza e provocar uma mudança de mentalidade.
Segundo o especialista em estratégia C.K. Prahalad, Gandhi foi um líder diferente dos tradicionais porque entendeu que não podia usar a força para lutar contra o poder britânico e decidiu virar o jogo de forma radical, liberando o potencial das pessoas comuns quando os recursos materiais eram insuficientes.
Stephen Covey, por sua vez, dedicou um capítulo do livro A Liderança Baseada em Princípios à análise dos “sete pecados capitais” tal como Gandhi os reformulou: a riqueza sem trabalho, o prazer sem consciência, o conhecimento sem caráter, o comércio sem moral, a ciência sem humanidade, a religião sem sacrifício e a política sem princípios.
Em 1947, depois da independência da Índia e da conseqüente criação do Estado do Paquistão, houve cruéis enfrentamentos entre indianos e muçulmanos. Em janeiro de 1948, aos 78 anos, Gandhi começou seu último jejum a fim de deter a violência. Dias depois foi assassinado por um fanático que se opunha à tolerância religiosa do Mahatma.
O mundo inteiro chorou a morte desse homem mignon e de olhar penetrante, que demonstrou que a humildade e a verdade podiam ser mais poderosas que os impérios.
Gandhi nunca obteve o prêmio Nobel da Paz; contudo, marcou o caminho de ativistas como Martin Luther King e Nelson Mandela. Tal como exprimiu Albert Einstein, “as gerações futuras dificilmente acreditarão que existiu um homem assim”.
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