Propaganda bem criativa.
31.7.08
21.7.08
Conhecimento - Menos é mais
Menos é Mais: uma nova abordagem na contramão do consumismo intelectual
Autor: André Dametto - Fonte: HSM Online
O ser humano é referencial, vive comparando a si mesmo e onde está com o outro, o que explica grande parte de sua insatisfação constante. Somada esta característica ao capitalismo que nos torna instrumentos do jogo de mercado, percebe-se na sociedade atual uma crescente valorização do “mais”: mais rico, mais bonito, mais inteligente, mais rápido, mais bem sucedido; uma lista interminável. Porém o mais irracional é que buscar ser “mais” em tudo, nos distancia do mais importante: a real satisfação de vida.
Na sua necessidade constante de aperfeiçoamento, uma das buscas mais constantes do homem contemporâneo é a de informações, através de cursos, livros, artigos e conversas. Conceitualmente, informações são dados com significado, e apenas rotinas operacionais podem ser tomadas a partir das mesmas, o que um computador com capacidade de processamento pode dar conta. Por outro lado, as competências são conjuntos de conhecimentos, habilidades e atitudes trabalhados a partir do processamento destas informações. O que nos diferencia das máquinas é a capacidade de tomar decisões criativas, lidar com a intuição, com as experiências anteriores, e felizmente (ainda) as máquinas não podem substituir o homem.
O grande risco no mundo moderno é nos tornarmos um poço de informações, mas um deserto de competências. Seja nas vivências pessoais ou profissionais, resultados concretos são resultado da aplicação de competências, e não apenas do acúmulo de dados e informações. Prova disso é que em alguns temas, especialmente em conteúdos mais filosóficos, é comum falarmos para nós mesmos: “Eu já passei por isso uma vez, por que errei novamente na mesma situação?”
O fato é que, na verdade, nunca soubemos completamente: ou sabíamos em um nível mais primário, ou apenas tínhamos nos informado, possivelmente em alguma das mil leituras dinâmicas que fazemos diariamente. Os autores Nonaka e Takeuchi, em sua renomada obra Criação do conhecimento na empresa (1997), definem o conceito da “espiral do conhecimento”, segundo a qual o conhecimento avança num processo de conversão do conhecimento do dia-a-dia (tácito) em conhecimento articulado (explícito) e então internalizado (novamente tácito), tornando-se então base do conhecimento de cada indivíduo. A evolução na espiral é contínua, porém em patamares de maturidade cada vez mais elevados, ampliando assim a aplicação do conhecimento em outras áreas.
Sendo assim, é uma ilusão acharmos que seremos competentes em tudo sobre o qual colecionamos informações. Se isto fosse verdade, os taxistas seriam as pessoas mais sábias do mundo, pois estão diariamente recebendo informações de todas as formas. Conhecimento é proveniente de informações processadas, aplicadas e comparadas. Por isso defendo que, mais importante do que buscar continuamente mais e mais informações, é preciso aplicar o que já sabemos.
Esta premissa parece ir contra as dicas dos mais conceituados consultores de carreira, que defendem o aprendizado contínuo, o desaprender constante e a criativa associação de conceitos. Mas entendo que até para aprender continuamente deve haver um equilíbrio entre crescimento e conforto. Sistemas precisam dos dois estágios para a sua sustentabilidade, e a miopia do aprender continuamente pode levar pessoas e empresas a um estresse que impede a real conversão de informação em conhecimento e sabedoria.
A disciplina de transformar informação em conhecimento, e aplicar o que já se sabe, será uma competência cada vez mais fundamental para pessoas e profissionais equilibrados. Analise os insucessos que vem tendo na sua vida, e perceba se já não se informou anteriormente a respeito deste tema. E aí, você está aplicando o que “aprendeu”? Decidiu aprender de verdade? O ser humano só muda realmente quando se cansa da situação de desconforto, e este é um passo fundamental para a aquisição do conhecimento: o querer de verdade, o acreditar, o bancar a mudança. Conhecer é deixar de ignorar a verdade, e por isso, mudar.
Espero que este artigo não seja mais um no rol de “portas abertas” que dissipam sua energia. Por isso lhe convido a refletir: o que você quer mudar na sua Vida? Do que você precisa se cansar para realmente querer mudar? Será que está aplicando aquilo que já sabe, ou prefere buscar a satisfação no vício do desconhecido? Simplifique a sua vida, busque o autoconhecimento, encontre um foco no “agora” para você desenvolver e oriente a aplicação do que já é e possui: uma coleção de riquezas, diferente de todas as outras coleções no mundo, e justamente por isso, abundante.
Autor: André Dametto - Fonte: HSM Online
O ser humano é referencial, vive comparando a si mesmo e onde está com o outro, o que explica grande parte de sua insatisfação constante. Somada esta característica ao capitalismo que nos torna instrumentos do jogo de mercado, percebe-se na sociedade atual uma crescente valorização do “mais”: mais rico, mais bonito, mais inteligente, mais rápido, mais bem sucedido; uma lista interminável. Porém o mais irracional é que buscar ser “mais” em tudo, nos distancia do mais importante: a real satisfação de vida.
Na sua necessidade constante de aperfeiçoamento, uma das buscas mais constantes do homem contemporâneo é a de informações, através de cursos, livros, artigos e conversas. Conceitualmente, informações são dados com significado, e apenas rotinas operacionais podem ser tomadas a partir das mesmas, o que um computador com capacidade de processamento pode dar conta. Por outro lado, as competências são conjuntos de conhecimentos, habilidades e atitudes trabalhados a partir do processamento destas informações. O que nos diferencia das máquinas é a capacidade de tomar decisões criativas, lidar com a intuição, com as experiências anteriores, e felizmente (ainda) as máquinas não podem substituir o homem.
O grande risco no mundo moderno é nos tornarmos um poço de informações, mas um deserto de competências. Seja nas vivências pessoais ou profissionais, resultados concretos são resultado da aplicação de competências, e não apenas do acúmulo de dados e informações. Prova disso é que em alguns temas, especialmente em conteúdos mais filosóficos, é comum falarmos para nós mesmos: “Eu já passei por isso uma vez, por que errei novamente na mesma situação?”
O fato é que, na verdade, nunca soubemos completamente: ou sabíamos em um nível mais primário, ou apenas tínhamos nos informado, possivelmente em alguma das mil leituras dinâmicas que fazemos diariamente. Os autores Nonaka e Takeuchi, em sua renomada obra Criação do conhecimento na empresa (1997), definem o conceito da “espiral do conhecimento”, segundo a qual o conhecimento avança num processo de conversão do conhecimento do dia-a-dia (tácito) em conhecimento articulado (explícito) e então internalizado (novamente tácito), tornando-se então base do conhecimento de cada indivíduo. A evolução na espiral é contínua, porém em patamares de maturidade cada vez mais elevados, ampliando assim a aplicação do conhecimento em outras áreas.
Sendo assim, é uma ilusão acharmos que seremos competentes em tudo sobre o qual colecionamos informações. Se isto fosse verdade, os taxistas seriam as pessoas mais sábias do mundo, pois estão diariamente recebendo informações de todas as formas. Conhecimento é proveniente de informações processadas, aplicadas e comparadas. Por isso defendo que, mais importante do que buscar continuamente mais e mais informações, é preciso aplicar o que já sabemos.
Esta premissa parece ir contra as dicas dos mais conceituados consultores de carreira, que defendem o aprendizado contínuo, o desaprender constante e a criativa associação de conceitos. Mas entendo que até para aprender continuamente deve haver um equilíbrio entre crescimento e conforto. Sistemas precisam dos dois estágios para a sua sustentabilidade, e a miopia do aprender continuamente pode levar pessoas e empresas a um estresse que impede a real conversão de informação em conhecimento e sabedoria.
A disciplina de transformar informação em conhecimento, e aplicar o que já se sabe, será uma competência cada vez mais fundamental para pessoas e profissionais equilibrados. Analise os insucessos que vem tendo na sua vida, e perceba se já não se informou anteriormente a respeito deste tema. E aí, você está aplicando o que “aprendeu”? Decidiu aprender de verdade? O ser humano só muda realmente quando se cansa da situação de desconforto, e este é um passo fundamental para a aquisição do conhecimento: o querer de verdade, o acreditar, o bancar a mudança. Conhecer é deixar de ignorar a verdade, e por isso, mudar.
Espero que este artigo não seja mais um no rol de “portas abertas” que dissipam sua energia. Por isso lhe convido a refletir: o que você quer mudar na sua Vida? Do que você precisa se cansar para realmente querer mudar? Será que está aplicando aquilo que já sabe, ou prefere buscar a satisfação no vício do desconhecido? Simplifique a sua vida, busque o autoconhecimento, encontre um foco no “agora” para você desenvolver e oriente a aplicação do que já é e possui: uma coleção de riquezas, diferente de todas as outras coleções no mundo, e justamente por isso, abundante.
18.7.08
Coisas de Uberlândia
16.7.08
14.7.08
Indicação de um ótimo livro
Para aqueles que querem conhecer as principais idéias sobre gestão, fugindo dos modismos e receitas de bolo, sugiro a leitura do livro A Ciência da Gestão de Clemente Nóbrega. O autor consegue, através de textos curtos e agradáveis, apresentar e explicar as principais teorias de management da atualidade.
Vale a pena ler.
Abaixo segue a release do livro:
Gestão é tema mais do que recorrente entre as publicações das áreas de marketing e administração. Porém, nenhuma delas conseguiu abordar o assunto com profundidade e enfoque inovadores. Contrariando isso, Clemente Nobrega, um dos mais conceituados especialistas em questões empresariais brasileiras, acaba de lançar A Ciência da Gestão. Sob um viés revolucionário, o autor cria pela primeira vez parâmetros científicos para falar de conceitos tão difundidos entre estudantes e homens de negócios. É um lançamento da Editora Senac Rio.
“Princípios que nos levem com mais probabilidade de sucesso aos resultados que desejamos alcançar”. Esta é a definição de ciência da gestão dada pelo autor. O significado parece simples, mas em seu contexto há uma complexidade fascinante e profunda. Como toda a ciência, a gestão segundo o autor deve gerar resultados, ter como base relações de causa e efeito, obedecer a métodos como ocorre com a medicina, e depender das circunstâncias para ser aplicada. O autor inspirou-se nos preceitos teóricos criados pelo professor Clayton Christensen, da Harvard Business School, sobre estratégia, marketing e inovação.
A Ciência da Gestão é recheado de exemplos que dão a clara noção do suporte teórico abordado, como os cases Petrobras, Casas Bahia, Amil/Dix, Grupo Sílvio Santos. “Uma coisa é ter conhecimento sobre o mundo (a natureza/ o comportamento dos mercados/ a psicologia humana), outra é transformar esse conhecimento em coisas úteis. A ciência é a melhor forma de se chegar a saber alguma coisa. Gestão é a melhor forma de se fazerem coisas práticas usando aquilo que sabemos”, explica Clemente Nóbrega o porquê de sua associação. A Ciência da Gestão é voltado para professores e estudantes de marketing e administração. Mas, pela sua linguagem simples, pode ser facilmente ser assimilado por leigos e interessados pelo tema.
Vale a pena ler.
Abaixo segue a release do livro:
Gestão é tema mais do que recorrente entre as publicações das áreas de marketing e administração. Porém, nenhuma delas conseguiu abordar o assunto com profundidade e enfoque inovadores. Contrariando isso, Clemente Nobrega, um dos mais conceituados especialistas em questões empresariais brasileiras, acaba de lançar A Ciência da Gestão. Sob um viés revolucionário, o autor cria pela primeira vez parâmetros científicos para falar de conceitos tão difundidos entre estudantes e homens de negócios. É um lançamento da Editora Senac Rio.
“Princípios que nos levem com mais probabilidade de sucesso aos resultados que desejamos alcançar”. Esta é a definição de ciência da gestão dada pelo autor. O significado parece simples, mas em seu contexto há uma complexidade fascinante e profunda. Como toda a ciência, a gestão segundo o autor deve gerar resultados, ter como base relações de causa e efeito, obedecer a métodos como ocorre com a medicina, e depender das circunstâncias para ser aplicada. O autor inspirou-se nos preceitos teóricos criados pelo professor Clayton Christensen, da Harvard Business School, sobre estratégia, marketing e inovação.
A Ciência da Gestão é recheado de exemplos que dão a clara noção do suporte teórico abordado, como os cases Petrobras, Casas Bahia, Amil/Dix, Grupo Sílvio Santos. “Uma coisa é ter conhecimento sobre o mundo (a natureza/ o comportamento dos mercados/ a psicologia humana), outra é transformar esse conhecimento em coisas úteis. A ciência é a melhor forma de se chegar a saber alguma coisa. Gestão é a melhor forma de se fazerem coisas práticas usando aquilo que sabemos”, explica Clemente Nóbrega o porquê de sua associação. A Ciência da Gestão é voltado para professores e estudantes de marketing e administração. Mas, pela sua linguagem simples, pode ser facilmente ser assimilado por leigos e interessados pelo tema.
12.7.08
10.7.08
Série de Propagandas da Livraria Cultura
7.7.08
Teoria dos jogos
Um assunto que me interessa é a Teoria de Jogos. Não sou um grande conhecedor deste tema (ainda vou estudá-lo), mas quando sai um artigo, eu o “devoro”. Segue um contendo o tema que saiu na edição de julho da revista VendaMais.
Sua vida e sua empresa têm muito a ver com a teoria dos jogos
Dois estudiosos da Teoria dos Jogos, Merrill Flood e Melvin Dresher, propuseram em 1950, o dilema do prisioneiro que passarei a expor para seu conhecimento, tendo como objetivo ajudá-lo a compreender as variáveis envolvidas na concorrência de preços entre empresas. Imagine a seguinte cena:
Dois suspeitos, A e B, são presos pela polícia, que não tem provas suficientes para condená-los, mas os separando, propõe a ambos o mesmo acordo: se um dos prisioneiros testemunhasse contra o outro e esse outro permanecesse em silêncio, aquele que confessou seria colocado em liberdade, enquanto o cúmplice silencioso cumpriria dez anos de sentença. Se os dois ficassem em silêncio, a polícia só poderá condená-los a seis meses de cadeia. Se ambos traírem o comparsa, cada um ficaria cinco anos preso. Cada prisioneiro toma sua decisão sem saber o que o outro irá dicidir, e nenhum tem certeza da decisão do outro. A questão que o dilema propõe é: o que vai acontecer? Como o prisioneiro vai reagir?
O fato é que pode haver dois vencedores no jogo, sendo a última solução a melhor para ambos, quando analisada em conjunto. Entretanto, os jogadores se confrontam com alguns problemas: confiam no cúmplice e permanecem negando o crime, mesmo correndo o risco de serem colocados em uma situação ainda pior ou confessam e esperam ser libertados, apesar de que, se o outro fizer o mesmo, ambos ficarão numa situação pior que se permanecessem calados.
Um experimento baseado nesse simples dilema constatou que cerca de 40% dos participantes cooperaram, isto é, ficaram em silêncio. Em última instância, não importa os valores das penas, mas o cálculo das vantagens de uma decisão cujas conseqüências estão atreladas às decisões de outros agentes, em que confiança e traição fazem parte da estratégia em jogo. O modo de pensar adotado aqui é o seguinte: “Se eu pensar sobre como você pensa a respeito de minha forma de pensar, não devo cooperar. Eu pressuponho que o outro vai me julgar não cooperativo e antecipo a minha deserção, pois se o outro agir assim, certamente vai desertar também”.
A concorrência de preços
Passemos agora para uma situação prática através da qual chegaremos mais próximos de nosso objetivo em relação à concorrência empresarial.
Uma pequena cidade do interior tem dois postos de combustíveis: o A e o B. O preço pelo qual ambos oferecem gasolina é R$ 2,00 o litro. A qualidade é a mesma, já que eles compram da mesma distribuidora a R$ 1,50 o litro. Suponha que consumidores busquem preço baixo. Sabendo disso, o posto A resolve baixar o preço para R$ 1,99. O que acontece? Ele conquista 100% do mercado varejista de combustíveis local. Qual reação é esperada do posto B? É óbvio, baixar para R$ 1,98. A guerra – saboreada pelos consumidores – chega ao ponto de ambos os postos atingirem um preço próximo de R$ 1,50. Nesse patamar, o lucro é igual a zero.
Uma outra situação curiosa e que tem a ver com a Teoria dos Jogos é o famoso leilão da nota de um dólar – conhecido por muitos participantes de treinamentos de negociação que são dados por aí. Esse leilão ocorre entre participantes que não têm como se comunicar entre si. Uma nota de um dólar está sendo leiloada. Quem der o maior lance a leva. A regra exige que o segundo colocado pague o lance que tiver feito, porém nada leva em troca. Imagine como seria: se o vencedor ganhar com um lance de U$ 0,20, ele tem um lucro de U$ 0,80. O segundo colocado que deu um lance de U$ 0,19 somente o paga. Nesse caso, a banca recebe U$ 0,39 e paga U$ 1,00. Assim, o jogo terminaria. Mas não é isso o que acontece. Normalmente, iniciado o jogo, o primeiro participante tem a perspectiva de alto lucro – coisa que desperta a cobiça do outro participante. Rompida a barreira de U$ 0,50 a banca começa a lucrar e, a partir de U$ 1,00, o jogo fica totalmente irracional.
Martin Shubik, matemático de Yale e estudioso da Teoria dos Jogos, criou esse jogo em 1971. Ele descobriu que, em média, a nota era arrematada por U$ 3,40. Pode-se olhar com desprezo ou até com dúvida os estudos advindos da Teoria dos Jogos. Mas eles têm aplicações múltiplas e curiosas. O leilão da nota de um dólar, por exemplo, é um jogo com aplicações práticas interessantes. As emissoras de televisão o utilizam para determinar o tamanho dos trechos de filmes entrecortados por anúncios publicitários. O primeiro trecho exibido é geralmente longo. Assim, as emissoras induzem o telespectador a “entrar no leilão”. Uma vez dentro, os trechos do filme ficam cada vez menores e os intervalos para propaganda maiores. O truque está em saber que nesse momento o telespectador tem grande relutância em desistir, porque ele já passou do ponto que corresponde ao “limite de U$ 1,00” no leilão. O mesmo raciocínio aparece nos relacionamentos humanos. Pessoas se mantêm anos a fio em empregos ruins ou em casamentos falidos em função de um modelo mental baseado em “eu investi muito para desistir agora”.
Outro fato curioso aconteceu na ocasião da construção do Concorde. Inglaterra e França souberam, em determinado ponto do projeto, que o complexo era economicamente inviável. Contudo, decidiram levá-lo a cabo justamente por já terem investido demais. Em uma análise mais profunda, o leilão da nota de um dólar trata das atitudes humanas de “cooperação” e “deserção”. O resultado tende a ser tão catastrófico quanto o que acontece no dilema do prisioneiro.
Ocorre que, do modo como foram concebidos, tanto o dilema do prisioneiro quanto o leilão da nota de um dólar são jogos únicos, e com apenas rodada. Se os participantes jogarem seqüências de várias partidas, a deserção tende a diminuir até desaparecer. O leilão da nota de um dólar jogado várias vezes convergiria para um acordo de divisão dos lucros entre os jogadores. O primeiro daria um lance de U$ 0,01 que não seria superado pelo segundo e, dessa forma, os U$ 0,99 de lucro seriam divididos entre os dois. O mesmo deveria acontecer entre comerciantes inteligentes – em vez de praticarem guerra de preços, como no exemplo dos postos de gasolina. Infelizmente no caso do comércio não é bem isso o que acontece com exceção das situações que envolvem a formação de cartel.
Cooperar demais ou fugir sempre pode não ser tão bom
A cooperação em jogos com muitas rodadas é um ótimo negócio. Existe uma forte tendência das pessoas construírem sua reputação cooperativa e, com isso, obterem vantagens reais – financeiras ou não. Ser cooperativo é talvez o mais nobre dos comportamentos humanos. A maioria das pessoas tende a reforçar essa característica. Como isso funciona? Quanto maior a possibilidade de reconhecimento, maior são as chances de a pessoa tomar uma atitude não cooperativa. Mesmo considerando que jamais será identificada, a maior parte dos indivíduos tende a não “fugir da raia” ou a não ser desertor. É natural que o ser humano deseje ser cooperativo. Os dois opostos negativos dessa dinâmica são: deserte e coopere sempre. Mas não estranhe. Cooperar sempre é perigoso. O cooperador incondicional está altamente vulnerável a oportunistas. Além disso, seu desempenho tende a ser de pouco valor por falta de algum nível de competitividade.
Observando o comportamento de animais sociais como chimpanzés, golfinhos e morcegos hematófagos, percebeu –se que a estratégia mais comum era a mesma praticada pelos humanos –a lei de talião: o “olho por olho, dente por dente” – reagindo cooperativamente a uma cooperação e punindo a deserção com outra deserção. Entretanto, um jogador ao estilo olho por olho perde para um jogador do tipo deserte sempre. Qual a solução desse impasse? Talvez seja tirar do jogo o desertor teimoso.
Autor: Abraham Shapiro é consultor. Atua realizando parcerias fortes com empresas que desejam fazer a diferença nos negócios através de treinamentos para seus colaboradores e do relacionamento com seus clientes. E-mail: shapiro@shapiro.com.br
Sua vida e sua empresa têm muito a ver com a teoria dos jogos
Dois estudiosos da Teoria dos Jogos, Merrill Flood e Melvin Dresher, propuseram em 1950, o dilema do prisioneiro que passarei a expor para seu conhecimento, tendo como objetivo ajudá-lo a compreender as variáveis envolvidas na concorrência de preços entre empresas. Imagine a seguinte cena:
Dois suspeitos, A e B, são presos pela polícia, que não tem provas suficientes para condená-los, mas os separando, propõe a ambos o mesmo acordo: se um dos prisioneiros testemunhasse contra o outro e esse outro permanecesse em silêncio, aquele que confessou seria colocado em liberdade, enquanto o cúmplice silencioso cumpriria dez anos de sentença. Se os dois ficassem em silêncio, a polícia só poderá condená-los a seis meses de cadeia. Se ambos traírem o comparsa, cada um ficaria cinco anos preso. Cada prisioneiro toma sua decisão sem saber o que o outro irá dicidir, e nenhum tem certeza da decisão do outro. A questão que o dilema propõe é: o que vai acontecer? Como o prisioneiro vai reagir?
O fato é que pode haver dois vencedores no jogo, sendo a última solução a melhor para ambos, quando analisada em conjunto. Entretanto, os jogadores se confrontam com alguns problemas: confiam no cúmplice e permanecem negando o crime, mesmo correndo o risco de serem colocados em uma situação ainda pior ou confessam e esperam ser libertados, apesar de que, se o outro fizer o mesmo, ambos ficarão numa situação pior que se permanecessem calados.
Um experimento baseado nesse simples dilema constatou que cerca de 40% dos participantes cooperaram, isto é, ficaram em silêncio. Em última instância, não importa os valores das penas, mas o cálculo das vantagens de uma decisão cujas conseqüências estão atreladas às decisões de outros agentes, em que confiança e traição fazem parte da estratégia em jogo. O modo de pensar adotado aqui é o seguinte: “Se eu pensar sobre como você pensa a respeito de minha forma de pensar, não devo cooperar. Eu pressuponho que o outro vai me julgar não cooperativo e antecipo a minha deserção, pois se o outro agir assim, certamente vai desertar também”.
A concorrência de preços
Passemos agora para uma situação prática através da qual chegaremos mais próximos de nosso objetivo em relação à concorrência empresarial.
Uma pequena cidade do interior tem dois postos de combustíveis: o A e o B. O preço pelo qual ambos oferecem gasolina é R$ 2,00 o litro. A qualidade é a mesma, já que eles compram da mesma distribuidora a R$ 1,50 o litro. Suponha que consumidores busquem preço baixo. Sabendo disso, o posto A resolve baixar o preço para R$ 1,99. O que acontece? Ele conquista 100% do mercado varejista de combustíveis local. Qual reação é esperada do posto B? É óbvio, baixar para R$ 1,98. A guerra – saboreada pelos consumidores – chega ao ponto de ambos os postos atingirem um preço próximo de R$ 1,50. Nesse patamar, o lucro é igual a zero.
Uma outra situação curiosa e que tem a ver com a Teoria dos Jogos é o famoso leilão da nota de um dólar – conhecido por muitos participantes de treinamentos de negociação que são dados por aí. Esse leilão ocorre entre participantes que não têm como se comunicar entre si. Uma nota de um dólar está sendo leiloada. Quem der o maior lance a leva. A regra exige que o segundo colocado pague o lance que tiver feito, porém nada leva em troca. Imagine como seria: se o vencedor ganhar com um lance de U$ 0,20, ele tem um lucro de U$ 0,80. O segundo colocado que deu um lance de U$ 0,19 somente o paga. Nesse caso, a banca recebe U$ 0,39 e paga U$ 1,00. Assim, o jogo terminaria. Mas não é isso o que acontece. Normalmente, iniciado o jogo, o primeiro participante tem a perspectiva de alto lucro – coisa que desperta a cobiça do outro participante. Rompida a barreira de U$ 0,50 a banca começa a lucrar e, a partir de U$ 1,00, o jogo fica totalmente irracional.
Martin Shubik, matemático de Yale e estudioso da Teoria dos Jogos, criou esse jogo em 1971. Ele descobriu que, em média, a nota era arrematada por U$ 3,40. Pode-se olhar com desprezo ou até com dúvida os estudos advindos da Teoria dos Jogos. Mas eles têm aplicações múltiplas e curiosas. O leilão da nota de um dólar, por exemplo, é um jogo com aplicações práticas interessantes. As emissoras de televisão o utilizam para determinar o tamanho dos trechos de filmes entrecortados por anúncios publicitários. O primeiro trecho exibido é geralmente longo. Assim, as emissoras induzem o telespectador a “entrar no leilão”. Uma vez dentro, os trechos do filme ficam cada vez menores e os intervalos para propaganda maiores. O truque está em saber que nesse momento o telespectador tem grande relutância em desistir, porque ele já passou do ponto que corresponde ao “limite de U$ 1,00” no leilão. O mesmo raciocínio aparece nos relacionamentos humanos. Pessoas se mantêm anos a fio em empregos ruins ou em casamentos falidos em função de um modelo mental baseado em “eu investi muito para desistir agora”.
Outro fato curioso aconteceu na ocasião da construção do Concorde. Inglaterra e França souberam, em determinado ponto do projeto, que o complexo era economicamente inviável. Contudo, decidiram levá-lo a cabo justamente por já terem investido demais. Em uma análise mais profunda, o leilão da nota de um dólar trata das atitudes humanas de “cooperação” e “deserção”. O resultado tende a ser tão catastrófico quanto o que acontece no dilema do prisioneiro.
Ocorre que, do modo como foram concebidos, tanto o dilema do prisioneiro quanto o leilão da nota de um dólar são jogos únicos, e com apenas rodada. Se os participantes jogarem seqüências de várias partidas, a deserção tende a diminuir até desaparecer. O leilão da nota de um dólar jogado várias vezes convergiria para um acordo de divisão dos lucros entre os jogadores. O primeiro daria um lance de U$ 0,01 que não seria superado pelo segundo e, dessa forma, os U$ 0,99 de lucro seriam divididos entre os dois. O mesmo deveria acontecer entre comerciantes inteligentes – em vez de praticarem guerra de preços, como no exemplo dos postos de gasolina. Infelizmente no caso do comércio não é bem isso o que acontece com exceção das situações que envolvem a formação de cartel.
Cooperar demais ou fugir sempre pode não ser tão bom
A cooperação em jogos com muitas rodadas é um ótimo negócio. Existe uma forte tendência das pessoas construírem sua reputação cooperativa e, com isso, obterem vantagens reais – financeiras ou não. Ser cooperativo é talvez o mais nobre dos comportamentos humanos. A maioria das pessoas tende a reforçar essa característica. Como isso funciona? Quanto maior a possibilidade de reconhecimento, maior são as chances de a pessoa tomar uma atitude não cooperativa. Mesmo considerando que jamais será identificada, a maior parte dos indivíduos tende a não “fugir da raia” ou a não ser desertor. É natural que o ser humano deseje ser cooperativo. Os dois opostos negativos dessa dinâmica são: deserte e coopere sempre. Mas não estranhe. Cooperar sempre é perigoso. O cooperador incondicional está altamente vulnerável a oportunistas. Além disso, seu desempenho tende a ser de pouco valor por falta de algum nível de competitividade.
Observando o comportamento de animais sociais como chimpanzés, golfinhos e morcegos hematófagos, percebeu –se que a estratégia mais comum era a mesma praticada pelos humanos –a lei de talião: o “olho por olho, dente por dente” – reagindo cooperativamente a uma cooperação e punindo a deserção com outra deserção. Entretanto, um jogador ao estilo olho por olho perde para um jogador do tipo deserte sempre. Qual a solução desse impasse? Talvez seja tirar do jogo o desertor teimoso.
Autor: Abraham Shapiro é consultor. Atua realizando parcerias fortes com empresas que desejam fazer a diferença nos negócios através de treinamentos para seus colaboradores e do relacionamento com seus clientes. E-mail: shapiro@shapiro.com.br
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